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Conheça o trabalho do padre Rudimar na região das ilhas, em Porto Alegre

  • conexaosolidaria21
  • 21 de jun. de 2021
  • 6 min de leitura

Padre: “a pandemia veio pra arrasar a comunidade nas ilhas (…) momento muito difícil pra nós, foi ai que a gente viu a solidariedade aumentar”

"Quem anda de barco pelos Rio Jacuí ou Rio Guaíba fica encantado com as Ilhas né, mas tem que descer do barco (...) pra ver a realidade que a gente enfrenta no dia a dia."


O padre Rudimar foi abraçado pelos fiéis de todas as religiões e pela comunidade da região das ilhas, em Porto Alegre. O projeto busca o resgate de vida de pessoas que moram em uma das comunidades mais carentes da Capital. Com incentivos de empresas e de toda a comunidade, padre Rudimar distribui alimentos, roupas e ajuda moradores com necessidades de toda ordem. Toda ajuda é bem-vinda!


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Confira a entrevista do padre Rud ao podcast, e conheça os detalhes do projeto na região da ilhas


Conexão Solidária (CS): Seja muito bem-vindo, padre. Nós gostaríamos de conhecer melhor a sua história, então abrimos espaço para sua apresentação. Quem é o padre Rudimar?


PADRE RUDIMAR: Meus amigos e amigas, sou padre Rudimar Dal'Asta, natural de Frederico Westphalen, no interior do RS, estou nas ilhas há 5 anos. Cheguei aqui em 2015, logo depois enfrentamos a grande enchente, aonde passamos momentos muito difíceis com a comunidade, e dai então começamos com o nosso projeto social junto as comunidades, para arrecadação de alimentos, roupas. E estar junto das famílias mais necessitadas e agora com essa pandemia, que chegou para arrasar a população, as ilhas estão passando por muitas dificuldades na questão da alimentação e na questão de trabalho.


CS: Como que as pessoas lhe ajudam, como que funciona, como é a participação dos fiéis?


PADRE RUDIMAR: A gente recebe aqui ajuda de modo especial do Banco de Alimentos, que nos destina doação razoável,mas não atinge todas as famílias. Também tem empresários, ONGs, voluntários e voluntárias, famílias que ligam pra gente questionando o que a gente precisa, muitos trazem até o local da entrega ou a gente vai buscar. Ou ainda grandes empresas que trazem cestas básicas e a gente entrega diretamente para as famílias. A comunidade tem uma grande participação no projeto aqui nas ilhas, não só os fiéis, acho que toda comunidade abraçou o projeto social, abraçou a causa de estar junto com os necessitados, então toda comunidade tem grande participação de esta inserido na realidade tal qual a gente vive.


CS: Como a pandemia impactou na existência do projeto, e ela influenciou no número de doações?


PADRE RUDIMAR: A pandemia veio pra arrasar a comunidade nas ilhas, nós tivemos mais de 20 mortos e foi um momento muito difícil pra nós, foi ai que a gente viu a solidariedade aumentar mais ainda, eu não parei, eu não fiquei nenhum dia dentro de casa, como muitos tiveram isolamento social, tem ainda, acho que tem que ter mesmo. Temos que nos cuidar, mas vendo as pessoas passando necessidade - eu saia na rua, claro com os devidos cuidados e aumentou muito as doações, o gesto de solidariedade nessa época.


CS: Tirando a pandemia dessa equação, teve algum empecilho na caminhada do projeto?


PADRE RUDIMAR: Olha, durante a caminhada a gente sabe que o projeto tem seus altos e baixos, aqui a gente enfrentou muito a questão da política. A política “mata” o povo e quando chega a época das eleições isso massacra o povo. Nós somos abandonados pelo poder public. Nós que fizemos o projeto social, fizemos acontecer, pois a prefeitura abandona o povo, porque é um povo simples, um povo pobre podemos dizer, então tem essa problemática com a relação ao poder public. Acho que isso é um dos grandes empecilhos que a gente tem hoje.


CS: Instituições procuram o projeto para prestar algum tipo de auxílio?


PADRE RUDIMAR: Sim, nós somos procurados por várias entidades, várias instituições ajudam a gente, como já citei – tem o Banco de Alimentos, também tem a Mesa Brasil que nos ajuda, outras instituições como o Mensageiro da Caridade, a Caritas Regional, a Ceasa - que nos ajudam na medida do possível né, não é todo dia, todo momento, mas na medida do possível tem essas instituições que ajudam a gente a levar adiante esse projeto.


CS: Pretende expandir ainda mais o projeto, padre?


PADRE RUDIMAR: Eu gostaria de ter três mil cestas básicas por mês pra eu entregar pro povo, isso é o que sempre pretendo, é a minha maior motivação, é o papel de Jesus Cristo - que foi aquele que sempre esteve inserido na realidade tal qual é. Jesus não tinha medo de deixar a cara para o pessoal bater, ele não tinha medo de enfrentar a burguesia, ele tava sempre junto do povo mais necessitado. Então isso pra mim é a maior motivação, e também da minha família. Eu sou filho de pequenos agricultores, aprendi na roça como se conversa, se dialoga com o povo, também fiz amigos e amigas que estão toda hora ligando, mandando mensagem de apoio e de solidariedade.


CS: Quais seriam as pretensões futuras do projeto?


PADRE RUDIMAR: Eu gostaria, é um sonho né, a gente gostaria que nenhuma família precisasse receber uma cesta básica, um leito ou uma fralda, né. Esses dias, alguém me perguntou se eu era feliz nas ilhas, eu disse que não, não sou feliz nas ilhas, a gente não é feliz com essa realidade - no dia a dia. Todo dia pessoal batendo na porta, todo dia pessoal pedindo. Vindo ao teu encontro pedindo fralda, pedindo leite, pedindo um móvel, pedindo qualquer coisa né, para seu sustento. Mas para mim, o que eu vejo é uma certa realização por esse projeto, onde a gente ta conseguindo atender famílias mais necessitadas - que são cerca de 4 mil pessoas.


CS: Como as pessoas podem auxiliar? O que o projeto mais precisa?


PADRE RUDIMAR: Tudo o que é doado é bem-vindo, a gente sabe que todo dia o povo precisa de comida. Leite, fralda, móveis, tudo que vem a gente sempre recebe e entrega para as famílias. E nessa época de frio, aqui nas ilhas é muito frio, nós lançamos até a campanha do cobertor, então estamos recebendo doações de cobertores para os mais necessitados.


CS: Como que é a melhor forma de encontrar o senhor padre Rudimar? Pra entrar em contato e prestar esse auxílio e essas doações?


PADRE RUDIMAR: Antes de vir para a ilha - essas famílias, essas pessoas me ligam (telefone - 51 995161970), a gente marca um horário, então pras pessoas virem aqui, porque eu to todo dia correndo de um lado pro outro né. Além dessa questão do projeto social, como eu sou Padre tem as celebrações, tem sacramentos, tem velórios, tem tudo isso né, então a vida é um corre, corre todo dia. Então para me encontrar é melhor me ligar, me dizendo que esta indo em tal dia e tal horário. Se eu não estou aqui, alguém sempre está para receber as doações. É claro que tem algumas empresas, famílias, alguns doadores que vão direto nas famílias, temos na Ilha do Pavão, Ilha dos Marinheiros, das flores e Pintada, então muitas vezes a gente se contra nas outras Ilhas e entrega diretamente para as famílias.


CS: O senhor pode se despedir da maneira como quiser, também diga o que o senhor mais precisa, além do que já falou - se tem um pedido especial ou trazer uma reflexão para quem nos ouve.


PADRE RUDIMAR: É claro que nas ilhas não é tudo desgraça como se diz né, é um lugar bom de morar, é um lugar bom de viver, é um lugar bom de conviver, pessoas queridas e amadas. A região das ilhas tem duas realidades, tem as pessoas que vivem bem e tem as pessoas que não vivem bem, que é o nosso caso. Infelizmente é isso, essa é a realidade que a gente encontra, quem anda de barco pelo Rio Jacuí ou Rio Guaíba fica encantado com as Ilhas né, mas tem que descer do barco, pra pisar no barro, botar a mão no barro, pra ver a necessidade e a realidade que a gente enfrenta aqui no dia a dia. Eu gostaria de deixar meu abraço a todos vocês, um agradecimento e dizer que nós estamos sempre de braços abertos para receber todos vocês que quiserem conhecer as ilhas, e também não deixem de doar, fazer suas doações aqueles que mais precisam, meu abraço, que Deus abençoe e proteja.


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Transcrição - Diego Rezes

Entrevista - produção de Verônica de Oliveira Julia Vilanova; produção, edição e apresentação Mateus Oliveira e Otávio Haidrich

Editado - Mar Muller e Pedro Diniz

Fotos selecionadas - Michele Martins e Vitor Lopes

Supervisão - professora Michelle Raphaelli






 
 
 

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