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Conheça o trabalho do coletivo Discípulos de Rao

  • conexaosolidaria21
  • 30 de jun. de 2021
  • 11 min de leitura

Atualizado: 12 de jul. de 2021

Confira a entrevista do Anderson Valença sobre o Projeto Discípulos de Rao


A Paixão pelo Sport Club Internacional - o Inter - e pela história de vida do torcedor símbolo e referência Vicente Rao, sempre ligado às causas sociais, motivaram torcedores colorados a se juntarem em prol dos mais necessitados. As cores que movem são o vermelho e branco, mas o amor e o cuidado com o ser humano não ter cor, não tem time. Vamos conhecer a história e o trabalho social do coletivo Discípulos de Rao.


Anderson explica quem foi o Vicente Rao: "Ele é mais velho que o Inter, e esse lance de torcida organizada, Rao era totalmente contra violência, anti-racismo e totalmente favorável a ações sociais, a mulher e a criança no estádio, um cara visionário"


SAIBA MAIS:


Ouça o podcast:

Confira a entrevista do Anderson Valença sobre o Projeto Discípulos de Rao


CS (Conexão Solidária): Se apresente e conte um pouco mais sobre o você e da iniciativa a quem nos escuta, seja muito bem-vindo. ANDERSON: Bom dia, boa tarde e boa noite ao pessoal do “Conexão solidaria”, meu Nome é Anderson Valença, faço parte de um coletivo de ações sociais espontâneas de colorados, e estou ai pra contar mais sobre o nosso projeto, futuros, o que a gente já fez e pra que a gente serve.


CS (Conexão Solidária): Conta um pouco pra gente Anderson, como surgiu essa ideia do Discípulo de Rao, de unir a paixão de torcedor com uma ação social, conta um pouco pro nosso ouvinte. ANDERSON: Bom assim gente, até 2016 eu fiz parte de uma torcida organizada do INTER, mas resolvi sair, porque não estava concordando com algumas coisas, é próximo a essa minha saída eu fui numa oficina de percussão, pra aprender a tocar algum instrumento e nessa oficina de percussão, antes da parte pratica, eles estavam falando porque o Inter tinha pioneirismo em festa, em estádio e tal e citaram o nome do Vicente Rao, cara que eu conhecia vagamente, só ouvia falar sobre coisas de carnaval, nem sabia que o cara tinha sido colora, ai explicaram que era o Vicente Rao. Ai eu percebi que os alunos ali comigo, não deram bola pra essa parte, estava mais pensando na ação de tocar algum instrumento e tal, eu já me interessei por essa parte que dizia que o Vicente Rao era um torcedor símbolo do INTER, era muito ligado a ações sociais, ele foi considerado o Papai Noel de Porto Alegre, ou seja, nessa época ele descia de um helicóptero na redenção, saia entregando presentes para as crianças carentes aqui de Porto Alegre e tal, fossem elas gremistas ou coloradas, mas ele era um colorado Fanático.


CS (Conexão Solidária): Quer dizer que não foi só a Xuxa que desceu de Helicóptero no Beira-rio (risos)? ANDERSON: Muito antes da Xuxa nascer, o Vicente Rao já descia (risos).


CS (Conexão Solidária): Um projeto Solidário, isso há mais de 50 anos? ANDERSON: Mais de 50 anos, só o Vicente Rao, pra se ter uma noção, o Inter nasceu em 04/04/1909 e o Vicente de Rao nasceu no dia 04/04/1908, é o Inter que faz aniversário no dia do Vicente Rao, ele é mais velho que o Inter, e esse lance de torcida organizada, ele era totalmente contra violência, anti-racismo e totalmente favorável a ações sociais, a mulher e a criança no estádio, um cara totalmente à frente do tempo, um cara completamente visionário. Só a primeira torcida organizada do Rio Grande do Sul é em 1940, então tu imagina, faz muito mais do que 50 anos, faz 75, 70 e poucos anos. Então pra continuar ali, essa parte teórica me interessou mais que a parte pratica, ai eu cheguei em casa e pensei a gente tem que fazer uma homenagem pra esse cara qualquer jeito, eu nunca tinha visto foto dele no estádio, numa faixa, numa camisa, em nada, sabe, e eu pensei tá ai o jeito de homenagear esse cara, a gente não quer ser torcida sabe, acredito que já tenha o que chegue de torcida no Inter e acho que as torcidas que tem no Inter já fazem muito bem o papel de torcida, não precisa mais de torcida, eu sentia falta era dessa parte da ação social não do Inter em si o clube, porque o clube é aquela coisa como eu vou dizer, muito montadinha, bah o clube já é famoso, eu sentia, se o Inter é o clube do povo, tá na hora desse povo fazer uma ação social pelo próprio povo, como eu achei que não tivesse quem fosse fazer isso, casou totalmente a ideia que eu tenho na minha cabeça, com o Vicente Rao mesmo, ser um cara do povo, ajudar o povo, foi assim que a gente nasceu no fim de 2016.


CS (Conexão Solidária): Já viemos de 4 anos e meio então? ANDERSON: Isso, são 4 anos e meio. Só pra finalizar essa parte, quando a gente foi criado em 2016, foi criado aqui no bairro onde eu moro, na Vila Farrapos, que é o bairro que fica a Arena OAS, e aí quando a gente criou isso, qual vai ser nossa primeira ação, tava ali em meio do Inter ser rebaixado e tal, e as vezes o pessoal mistura muito as coisas, tipo, tem uma alguém passando fome, o Inter tá bem, vou la e vou ajudar, a o Inter tá mal, a nem to nem ai, agora não é hora de pensar nisso, nossa primeira ação foi muito difícil, foi no pior ano do Inter, mais ainda sim a gente conseguiu juntar algumas coisas, e como foi no fim do ano, a gente justamente o que a gente faz, nunca tinha feito uma ação social na vida, nem tinha participado de nenhuma, até pensei que a primeira vez a gente fez, nunca mais né, e aí a gente fez essa ação de Natal, ai quando tu nunca fez uma ação e tu faz, hoje ou posso dizer mas naquela época eu não sabia, é uma coisa que te impacta demais, tu vê assim quem precisa mesmo, chegou na hora da ação mesmo, de fazer pessoal mais próximo aqui da Arena, pessoa com a camisa do grêmio, diziam pra nós que isso que vocês estão fazendo é mais importante do que o que os cartolas aqui do grêmio querem fazer, eles querem que gente pinte a nossa casa, eu nunca vou esquecer a frase, “um galão de tinta não mata nossa fome”, na verdade também nenhum outro clube nos ajudou, nem o Grêmio, nem o São José, não vou ser maldoso em dizer, que eles já conhecem nosso projeto e nunca ajudaram, eu prefiro assumir a meia culpa e dizer que a gente também nunca procurou eles, nem o Grêmio nem clube nenhum, único clube que a gente já procurou mesmo foi o nosso.


CS (Conexão Solidária): Queria saber de ti, mesmo sendo gremista ou colorado, independente, se tu já viu que o que vocês fazem de ajudar as pessoas já mudou de algum integrante da tua equipe, se tu percebeu alguma mudança, até mesmo falando de ti, se tu percebeu alguma mudança dessa na tua equipe. ANDERSON: Ja percebi sim, na verdade todos que compõem a nossa equipe, eu percebo uma mudança da primeira vez que faz uma ação, pela forma que é hoje, tem pessoa que quis fazer parte, ai quero entrar, entrou mais por curiosidade pra ver como é, hoje é uma coisa que se tornou um vicio bom, a pessoa diz, vai ter uma ação no dia 22 num domingo de julho, o cara já pena não posso fazer nada, naquele dia tenho que ir fazer a ação, a pessoa se viciou em fazer a ação, eu falo de outros mas eu falo por mim, eu nunca tinha feito uma ação social, que tu vai e vê o semblante de quem fica agradecido por ter ganho algo, criança é uma coisa que toca muito a gente, a gente se esforça mais, toda criança, tanto a gente que já foi ou quem é, não pediu pra vir ao mundo, e tu vem ao mundo com dificuldade, então é isso que a gente não aguenta ver, tu da um doce, vê o sorriso daquela criança, é legal, a gente que organiza sabe do stress que é ação social, isso já vale a pena, então eu vejo isso em todos que fazem parte, em todos que saíram por algum motivo, nenhum saiu pela porta dos fundos, saiu porque não tinha mais tempo, ou tem alguma outra prioridade, mas segue ajudando de fora, nunca deixa de ajudar, porque quem entra sempre passando algo bom pra outros movimentos, pra sua empresa ajudar, aquela coisa boa que ela conseguiu nos discípulos ela vai passando pra sua empresa e pra sua família, daqui a pouco é uma rede de pessoas ajudando que se inspiram naquilo que a pessoa já passou.


CS (Conexão Solidária): Como ficou o trabalho de vocês durante esse período de distanciamento, se diminuiu, se aumento, se conseguiram atingir até mais pessoas quem sabe com o projeto de vocês. ANDERSON: Vou começar te contando do inicio da pandemia, tudo começa a partir da última vez que a torcida do Inter pode estar no estádio, foi no Gre-Nal da arena do ano passado, e aí começa aquele boato de uma doença que está assustando o mundo, eu lembro que naquele dia tinha gente na torcida do INTER de máscara, mas com a mascara ironizando, arena do grêmio e tal, essas coisas que fazem parte da rivalidade, ninguém imaginava que aquelas mascaras jamais sairiam dos nossos rostos. E cara começa naquele dia, em uma semana cancelam um jogo do Inter, passa uma semana, fecha tudo no Brasil inteiro, passa essas duas semanas a gente começa a se dar conta, que doença é essa que ninguém pode sair pra rua, a gente que consegue minimamente viver, pensa se ninguém siando pra rua de carro, os carros não tem porque serem guardados na rua, não podendo um guardador de carro, guardar o carro, ele vai levar o sustento pra sua família como? Entendeu, então, to falando de uma profissão que é tão digna quanto as outras, só que ali a gente tem condições do que é esse vírus louco. Então a gente já começou a se programar, ai já vi que vamos ter que fazer alguma ação que doe cestas básicas para as pessoas aqui do bairro que mais precisam. Essa ação de cestas básicas foi praticamente toda ela patrocinada por um coletivo que seguia a gente chamado, “a vida é na rua” que seguia a gente e que admirava e quis ajudar e pelo Bruno Fucks. A gente fez e conseguiu mais de 2 toneladas de alimentos, sabe porque muita gente acaba ajudando porque o Bruno Fucks acaba divulgando nossa @, então é uma ação de verdade, as vezes precisa de alguma coisa que da veracidade.


CS (Conexão Solidária): Nada melhor que um jogador do próprio clube, sem contar com o alcance que ele tem, do número de pessoas e do apelo que ele tem. ANDERSON: Exatamente, é que quando eu digo cara, não é magoa, mas a gente sente falta disso é do clube com a gente, se o clube divulgasse como um atleta do clube divulgou, olha o quantos de seguidores o Bruno Fucks tem, o clube tem 100x mais seguidores que ele, tu imagina a rede que seria isso de solidário.


CS (Conexão Solidária): Qual seria a maior motivação dos discípulos se manterem ativos assim, como tu pode dizer isso pra gente? ANDERSON: Acredito que a principal motivação é que a gente é colorado. Agora o motivo pra gente se manter ativo, só indo numa ação assim pra saber o quanto de pessoas precisam que a gente esteja ativo, por exemplo se a gente parar de fazer aqui na Vila Farrapos, eu não sei como as pessoas vão continuar. A gente chega numa Páscoa ou no Natal, numa comunidade, as crianças cara, com camisa do grêmio ou do Inter, eles já conhecem a gente. Nós nunca divulgamos antes, avisa ai criançada que amanhã a gente vai ai, a gente nunca avisa, simplesmente chega, as crianças sempre estão la, porque elas sabem que a gente vai ir la, ai tu imagina, a gente deixa de existir ou desativa os Discípulos de Rao, vai chegar na Páscoa, as crianças vão fazer o que, vão ficar se olhando, porque os pais tão cansados de chegar na gente e dizer, obrigado por esse doce, obrigado por esse presente, porque eu não tinha o que dar pro meu filho, quer motivação maior que essa pra gente continuar existindo.


CS (Conexão Solidária): Como é possível as pessoas chegarem até vocês, lembrando que são pessoas, que estão ajudando pessoas que estão ajudando outras pessoas. Quais são os contatos de vocês, seja redes sociais, WhatsApp, telefone, caixa postal, endereço, o que tiver, fica à vontade. ANDERSON: Nossas Redes Sociais são Discípulos de Rao, seja no Instagram ou no Twitter, no Facebook também mas a pagina acabou caindo, a gente não tem sentido muita falta porque virou um Fórum dos torcedores, onde discutiam um com os outros, pela má fase do Inter, por não ter títulos expressivos há algum tempo e a plataforma que acabou engajando mais ações sociais ela esta de pé que é o Instagram. Pra comentar uma coisa que aconteceu no Instagram, a gente tinha uma pagina que durante 4 anos e esse Instagram foi Hackeado por um cara, um Turco que é viciado em Tik Tok, eles meio que sorteiam quem eles vão hackear e hackeiam, pra ele foi só um esporte, ele roubou seguidores pras redes dele ou pro Tik tok, mas pra gente, muita gente deixou de ser ajudada. Mais ai cara, nesse período de 4 anos a gente conseguiu só 8k seguidores, a gente começou o Instagram do 0, agora a gente vai bater 7k, se faz meio ano, tomara que seja empolgante e em quatro anos a gente consiga mais de 20k, mas é isso @discipuloderao independente de qual rede for, eu costumo dizer que a ajuda que a gente precisa é sempre pra próxima ação, então vou deixar aqui de spoiler que a nossa ação a gente pretende que seja em Junho e a gente vai fazer com moradores de rua, acredito que um carreteiro, algo assim sabe, além da distribuição de roupas e é isso mesmo. Vou deixar meu WhatsApp, porque nas redes é sempre o número que a gente dá pra entrar em contato é 51 992148340.


CS (Conexão Solidária): Vocês têm alguma SEDE físico? ANDERSON: Não, isso é um sonho nosso, há mais de 4 anos, a gente achou que ia conseguir se concretizar no ano passado, ai a gente ficava ali no Beira-Rio, tomo mundo dando essa ideia, criou até uma expectativa de vamos fazer uma vaquinha e vamos conseguir, mas ai veio isso que a gente comento agora pouco a pandemia, mas segue sendo um sonho da gente, eu acho que ajudaria muito a gente, mas por enquanto ainda esta no embrião assim a ideia.


CS (Conexão Solidária): Visando a “Conexão Solidaria” quem for nos ouvir e puder ajudar nesse sentido, vamos pensar nisso, quem sabe esse sonho se tornar uma grande realidade, isso vai ajudar a todos nós, seja quem mais precisa ou a gente mesmo, é gratificante, não só pelo material, mas sim pelo simbolismo. ANDERSON: Sim, é um negócio que a gente comenta assim cara, entre nós quando a gente faz uma ação, que visa tantas crianças, cara no fim das contas se uma criança não for pro caminho errado e for pro caminho certo, já valeu a pena entendeu? A gente sabe que é muito mais que uma, só pra fazer uma figura de linguagem, se uma não for está ótimo, imagina mais que uma. Gostaria de agradecer a oportunidade de conversar com o pessoal do “Conexão Solidária” mais uma forma dessa informação chegar até as pessoas, e os discípulos de Rao eu agradeço com certeza em nome de todos eles, todos já sabiam da entrevista, estavam ansiosos que íamos poder falar e agradecer vocês também.


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Transcrição - Diego Rezes

Entrevista - produção de Verônica de Oliveira Julia Vilanova; produção, edição e apresentação Mateus Oliveira e Otávio Haidrich

Editado - Mar Muller

Fotos selecionadas - Luana Tricot e Julia Freitas

Supervisão - professora Michelle Raphaelli

 
 
 

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