Guaíba Cozinha: conheça a história do projeto
- conexaosolidaria21
- 20 de jun. de 2021
- 7 min de leitura
Tiago Nogueira: "Não é só alimentar alguém, é ajudar quem realmente está passando por muita necessidade”

Guaíba Cozinha tem um lema: ajudando o próximo, tu também te ajuda
O Guaíba Cozinha é um projeto social familiar coordenador pelo mentor Tiago Nogueira, que viabiliza marmitas para moradores de comunidades carentes na cidade Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O projeto social é uma mistura de paixão pela cozinha e coração solidário – trazendo os melhores resultados para a população carente de Guaíba. Essa é mais uma linda história de amor e dedicação ao próximo.
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Confira a entrevista ao podcast com Tiago Nogueira, idealizador do Guaíba Cozinha :
CS (Conexão Solidária): Queremos iniciar perguntando quem tu és, como tu de define, Tiago? Seja muito bem-vindo ao podcast, fica a vontade.
TIAGO: Obrigado pelo convite, fico muito feliz em estar aqui. Esse projeto começou durante a pandemia, bem no começo, um amigo me convidou pra distribuir algumas quentinhas e alimentos, a partir dessa ideia a gente conseguiu entregar naquele dia 14 marmitas. Ele tinha me pedido só pra entregar um pouco de arroz, de leite, coisas básicas assim, e eu perguntei pra ele se eu não poderia fazer umas marmitas e entregar, ao invés de apenas entregar os alimentos perecíveis. Foi assim que nasceu a ideia de entregar marmitas com comidinha quentinha. A partir dali eu comecei ter o interesse de fazer mais quentinhas. Me emocionei ouvindo o áudio de uma senhora agradecendo a comida que eu tinha preparado. Foi um áudio que me tocou demais. Então, a partir dali a gente começou a fazer periodicamente, e assim até se criar o projeto para ajudar quem estava necessitando, as famílias mais carentes, nos bairros mais pobres aqui da cidade de Guaíba. Comecei a conseguir alimento com os vizinhos e amigos mais próximos que sabiam do início do projeto. Até que um amigo, fez um tipo de flyer de divulgação: “quem sabe tu não coloca nas tuas redes sociais? Vai alavancar mais o teu projeto” - sugeriu ele. A partir dali foi o estouro mesmo, graças a Deus, o pessoal comprou bem a ideia, os compartilhamentos se multiplicaram nas redes sociais, e ai eu comecei a receber muitos alimentos. A ideia do flyer foi uma virada. Já foram mais de 5.400 marmitas entregues - então, a gente tá bem feliz.
CS: Tu trabalha com gastronomia?
TIAGO: Claro, eu comecei a fazer o projeto muito por conta da vontade de cozinhar que eu tenho, sou formado pelo Senac e sempre tive envolvimento com a cozinha. Já tive duas hamburguerias. Tenho um carinho enorme pela cozinha, eu trabalho com isso, pra mim é juntar o útil - ao agradável. É muito satisfatório, ouvir depois o retorno das pessoas te agradecendo pela tua comida, porque não é só alimentar alguém ou entregar uma comida na mesa de alguém, é ajudar quem realmente está passando por muita necessidade, está passando por um sufoco.
CS: Como vocês chegaram no nome Guaíba Cozinha, se teve algum motivo por atrás e se tu consegues mensurar o número de pessoas que vocês atendem com o projeto?
TIAGO: Eu fazia os alimentos e tinham outras pessoas que faziam a parte da entrega pra mim, mas conseguimos fazer uma parceria e encontramos pessoas pra fazer a distribuição, porque a final de contas eu não estava dando conta de fazer tudo né. Ai tivemos a ideia de fazer um cadastro de todas as pessoas que a gente ia até as casas, como uma forma de ter certeza de que o alimento foi entregue e uma forma de controle. Então, hoje a gente tem muitas famílias cadastradas em uma lista simples - nome, CPF, o endereço e preenche uma ficha. A cada dia, cada mês, cada momento que a gente foi visitar aquela pessoa, ela vai ali só assina. E tem gente que infelizmente não consegue assinar, porque não sabem ler e escrever. No início, a gente tirava foto só pra as pessoas tivessem noção de que foi entregue, a pessoa chegava la tirava foto das pessoas recebendo os alimentos e ai me mostravam depois, essas fotos nunca vazaram, estão comigo, a ideia não era mostrar pra ninguém e sim mostrar que o alimento estava chegando pra quem deveria chegar. A ideia do nome foi por causa da ligação que tenho de vida com minha cidade – Guaíba. Foquei na cozinha por eu ser da cozinha, e por que nós nos desenvolvemos na cozinha. Eu falo “nós”, porque somos eu e minha mãe que estamos “de cabeça” no projeto, a gente achou interessante o nome Guaíba Cozinha, porque liga a paixão pela cozinha e o amor pela cidade.
CS: Quem são as pessoas que te ajudam no projeto, Tiago? Qual a motivação para continuar mantendo projeto em tempos tão difíceis - o que incentiva a manter a causa?
TIAGO: Começou comigo, minha mãe e alguns amigos, e ai aos poucos a gente foi distribuindo, sabendo de mais amigos, e ai tu tem algumas pessoas, algumas famílias, alguém que precisa de ajuda no bairro – outra pessoa que ta passando por alguma dificuldade. Perguntava pros amigos, aí vinham aqui pegavam os alimentos e entregavam para essas famílias, vizinhos deles e tal, aos poucos as coisas começou ir para um rumo diferente. Apareceram pessoas que eu não conhecia, chegavam até mim por indicação de alguém. “Oh, posso entregar para outra pessoa, posso passar ai pra pegar um pouquinho de marmita, ou posso ai te ajudar a entregar que eu sei que tem bastante gente que esta precisando”.
Algumas pessoas, isso lá - bem no começo, começaram indicar outras e outras pessoas que trabalhavam em comunidade, já trabalhavam em projetos sociais e tinham interesse em me ajudar de alguma forma. Como a pandemia estava em alta, e a gente estava um pouco espantado com tudo - evitava qualquer contato com qualquer pessoa. Encontramos parceiros que ficaram responsáveis pela distribuição, ou seja, a pessoa chegava aqui em casa, pegava as marmitas já prontas, a gente colocava numa caixa e a pessoa levava até a comunidade naquele dia. Então, como eu não conhecia essas pessoas, vim conhecer ao longo do projeto - eu não tinha uma confiança 100%, por isso a gente começou com a história das fotos, até criar uma confiança nas pessoas. Que ai sim, a gente viu que essas pessoas estavam fazendo o bem, e até hoje elas ajudam a distribuir, são 3 pessoas fundamentais no projeto. E claro, tem outras pessoas que ajudam com os alimentos, com as embalagens.
CS: Alguma instituição ofereceu alguma ajuda pra vocês em algum momento?
TIAGO: Sim, o Projari em certo momento. O Projari é um projeto social de Guaíba, que fechou durante a pandemia. Mas os administradores tem autorização de algumas empresas, principalmente da CMPC, empresa aqui de Guaíba para arrecadar alimentos que sobram nos refeitórios – são alimentos que obrigatoriamente precisariam ser descartados de um dia para o outro. O Projari ficou sabendo do trabalho do Guaíba Cozinha, e como estavam impedidos de funcionar na pandemia, destinou as doações para o nosso projeto. Na hora eu perguntei: tem comida indo for a? Não dá, manda pra cá que a gente da um jeito. E aí a cada dia, eu recebia cinco, seis, sete caixas de comida, com arroz, feijão, tudo separadinho. A minha função era separar as marmitas e fazer a distribuição. Então, eu pensando naquela comida indo fora. Além da minha distribuição, tinha também a distribuição do Projari, as vezes era todos dias. O pessoal responsável do Projari, vinha aqui pegava as marmitas e fazia a distribuição entre as pessoas, então além de estar ajudando com o meu projeto - eu tentava dar uma ajudada no projeto do Projari, que tinha parado.
CS: E como os ouvintes e quem está nos lendo – te encontra out e ajuda no projeto?
TIAGO: Hoje em dia, quero chegar a cada lugar para apresentar o projeto e explicar a ideia . Dizer que tua ajuda ao projeto pode ser da maneira que tu achares melhor. Quer deixar uma caixinha aqui? O projeto solidário é assim, assim, assado (…), mas a melhor forma de ajudar é com 1kg de qualquer alimento, quanto mais - melhor,! Mas se quiser ser voluntário, e se esse for o teu jeito de ajudar, a gente ta faceiro igual e feliz. Estamos finalizando a identidade visual, tem outras pessoas que estão me ajudando com isso, que irão a alguns lugares apresentar o projeto e os meios de ajudar(...). Por enquanto é só o meu Instagram, já tenho tudo pronto, mas a pandemia acabou atrapalhando um pouco, a ideia é que eu chegasse nos lugares apresentasse o projeto, ter um dia certo, uma agenda - fazer na segunda, quarta e sexta, arrecadar alimentos. E escolher um dia pra fazer toda a aquela comida e também, se Deus quiser, tiver muita comida e fazer cestas básicas e tudo vai depender da quantidade de comida que eu for receber, pra esse ano era pegar datas chaves e buscar esses lugares, cozinhar e entregar, mas com a pandemia violenta agora, a gente não conseguiu realizar dessa forma. Agora, como as coisas estão voltando a acontecer, todo mundo está me sinalizando: “Tiago, eu tenho interesse em te ajudar, eu agora posso”. Então a gente vai sair pra rua em breve - fazendo esse trabalho, tentando juntar pessoas e encontrar lugares pra nos ajudar.
O projeto está só no meu Instagram que é @tiagosnogueira – podem seguir lá. Também deixo meu telefone que é o (51) 9 9920-2787. Essas são as formas de comunicação.
Pra me ajudar, pode me mandar até carta, meu endereço é Rua Dr. Carlos de Moura e Cunha, 33 no bairro Engenho, na cidade de Guaíba. Eu já fui atrás e o @guaibacozinha ta liberado, se ninguém inventar fazer - vai ser esse. Futuramente essa é a ideia, @guaibacozinha. Ajudando o próximo, tu também te ajuda.
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Transcrição - Diego Rezes
Entrevista - produção de Verônica de Oliveira Julia Vilanova; produção, edição e apresentação Mateus Oliveira e Otávio Haidrich
Editado - Mar Muller e Pedro Diniz
Fotos selecionadas - Michele Martins
Supervisão - professora Michelle Raphaelli
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