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Conheça a história do projeto Misturaí

  • conexaosolidaria21
  • 15 de jun. de 2021
  • 9 min de leitura

Atualizado: 20 de jun. de 2021

produção “Estamos localizados na rua Luiz Manoel, 229, no Bairro Santana em Porto Alegre, sintam-se misturados”, convida Adriana


Mulheres gestoras da ONG Misturaí


Em 2018 o projeto Misturaí surgiu na comunidade da Vila Planetário, em Porto Alegre com foco em ações culturais, educacionais, de geração de renda e empreendedorismo. Com muitas dificuldades nesse momento pandêmico, o trabalho se manteve forte, por entender que os moradores de rua seriam um dos grupos mais afetados.


Dessa forma, nasce o Amparaí, projeto que é braço forte da ONG Misturaí, com cuidado e assistencialismo, atende cinco comunidades – entregando quentinhas (alimento) e buscando orientar as pessoas, dando apoio educacional, encaminhamento para ação empreendedora e cultural.


LEIA TAMBÉM:


Ouça o podcast:

Confira a entrevista ao podcast Conexão Solidária com Adriana Linhares e Simone Otto, da ONG Mistura:


CONEXÃO SOLIDÁRIA (CS): Sejam bem-vindas, nos contem sobre vocês, sobre a entidade quem é cada uma de vocês, quem é a Adriana, quem é a Simone?


ADRIANA: é um prazer participar, meu nome é Adriana, vice-presidente do Misturaí, estamos desenvolvendo um projeto de solidariedade e empreendedorismo, num momento tão difícil, que se encontra o mundo com a pandemia.

SIMONE: eu sou a Simone, eu faço a comunicação interna da Instituição, também sou assessora das presidentas e relações institucionais. Então, como a Adriana falou, tem aí projetos desde que começou a pandemia de assistencialismo, que é esse lado beneficente da Misturaí, mas a gente também tem esse lado que ela falou de empreendedorismo, geração de renda, educação, cultura, sustentabilidade, temos bastante coisa ai pra mostrar.


CS: Como iniciou o projeto, como foi a ideia, como foi toda a criação do Misturaí?

ADRIANA: Em 2018 a Misturaí nasceu na comunidade da vila Planetário, a Misturaí não é da Planetário, mas a Planetário faz parte da Misturaí. Iniciamos com projetos de cultura e educação, geração de renda, empreendedorismo e de repente 2020 chega a pandemia, pensamos que íamos fechar as portas, e daí resolvemos que não, fizemos uma reunião, não vamos fechar as portas, a gente viu que as pessoas em situação de rua seriam as mais atingidas nesse momento e resolvemos fazer as quentinhas. E quando começamos esse trabalho de atender essas pessoas em situação de rua, surgiu uma galera gigantesca, uma galera do bem, junto com a gente, e se criou o projeto “Amparaí” que hoje é um dos que nos deu visibilidade a ONG, e que é um do grandes projetos que a gente tem. Nossa intenção não era o assistencialismo, mas agora é um braço que a gente ta trabalhando, atendendo moradores em situação de rua. Vimos que já tinha muita gente ajudando no centro da cidade, então fomos paras as comunidades, hoje atendemos cinco comunidades com as quentinhas e com empoderamento dessas comunidades - ensinando essas pessoas, conscientizando sobre o direito a voz e a luta por qualidade de vida dentro dessas comunidades. Para que eles não sejam uma manobra de votos na época da eleição e sim de busca por direitos. E hoje, em três comunidades: na Ilha do Pavão reativamos a associação, ajudamos na reforma e construímos uma cozinha onde essas mulheres produzem quentinhas pra sua comunidade, estamos com projeto de costura lá, tem empreendedorismo com as mulheres; na Chácara do Primeiro, na Tuca, estamos construindo um setor para costura, uma cozinha onde já tem mulheres que trabalham com atendimento para 40 crianças, e oferecem as quentinhas e outras atividades, agora também construindo uma nova cozinha; e a Chácara, no Beco do Guará - onde também vamos ajudar a reformar essa cozinha que já está funcionando e assim a gente vai indo, tentando ajudar não só a nossa comunidade - mas também a nossa cidade.


CS: De onde surgiu o nome “Misturaí”? Vocês estão expandindo esse projeto de vocês? Vocês tem uma sede?


SIMONE: O nome Misturaí já diz tudo, né? é uma mistura. A ONG vem com a missão de furar bolhas, misturar as pessoas, os mundos, as vivências, as culturas, a gente vem pra se unir, uma menina de classe média, a galera da periferia de Porto Alegre. Essa vontade de estar junto construindo coisas, de estar junto aprendendo um com outro, vivendo e convivendo, então “misturaí” vem daí. A ideia surge em 2018 e em 2019 a gente constrói a sede na vila Planetário, em Porto Alegre - foi a comunidade escolhida, que nos acolhe e que o idealizador da ONG que é o Gabriel, que é um cara de classe média, já jogava futebol com os guris da Vila, ai a gente vem pra cá, ganha com a comunidade o espaço e constrói essa sede. A gente tem a sede aqui, mas trabalha em outras comunidades, furar a bolha não só de estar na vila planetário, mas ir pra essas outras comunidades também. A gente, por exemplo, ganhou um edital da Coca-Cola que será lá na Ilha do Pavão, onde vai ter o foco nas mulheres, porque as mulheres são hoje a maioria nas periferias, então vai ter construção civil, vai ter cozinha, costura, então lá na chácara do primeiro, como a Adriana falou, já tem cozinha, costura, então a gente vai ensinando elas gerarem sua própria renda, a se profissionalizarem e por ai que a gente faz. A gente não entrega só quentinha, cesta básica, a gente vai auxiliando no crescimento, no empreendedorismo, das pessoas dessas comunidades, na qualificação das mulheres, por exemplo. Também estamos com o projeto Inseja, que é na área da educação, que esta acontecendo aqui na comunidade da Vila Planetário e que a gente também pretende levar pra outras comunidades, porque a educação é muito importante, é por aí que começa, dando educação e qualificação, pra essas pessoas que já são tão sofridas no dia a dia, porque a gente viu a necessidade dessas pessoas – de voltarem a estudar, de se qualificar e isso é muito gratificante, porque a gente está vendo - que somando, impactando, vai fazendo a diferença na vida das pessoas.


CS: Como o Misturaí quer “romper as bolhas sociais” que eu acredito ser a maior motivação do projeto de vocês, como ficou a motivação de vocês durante a pandemia, com o isolamento social, como ficou o projeto?


ADRIANA: Pra nós, eu acho assim - que foi muito importante, o medo todo mundo tinha, a gente até brincou, quando fez essa primeira reunião, desse medo, mas quando a gente chegou nas rua e começou a chegar nas comunidades, ouvimos depoimentos de o quanto era importante o nosso trabalho. A gente não tava mudando a vida das pessoas diretamente assim, mas a gente estava amenizando, muita gente ficou desempregado, a gente viu essa grande diferença agora, nesse ano, porque quando a gente começou lá em março de 2020, era novo pra todo mundo e a gente realmente acreditou que em 14 dias se resolvia tudo, mas não foi – a pandemia não acabou.


SIMONE: Aí a gente, enfim a tem uma logística muito grande, com envolvimento de muitos voluntários, mais de 600 voluntários já passaram pelo projeto durante a pandemia, hoje temos cadastrados mais de 250 voluntários. A gente já entregou mais de 140k quentinhas, tem o pessoal que cozinha, porque tem isso, muita gente ainda tem medo de sair, eu mesma fiquei aqui – quarto e cinco meses sem pisar na sede até voltar, mas ai fazia o trabalho de casa, coordenava os cozinheiros de casa, porque é uma galera que cozinha em casa e manda as quentinhas pra nós todos os dias - tem uma logística de voluntários, que a gente busca as quentinhas nas casas das pessoas e aí saem de um a dois carros, já tivemos até cinco carros para distribuir. Esses tempos teve uma ação em parceria com o Dado Beer onde a gente entregou centenas de quentinhas, mais de mil pelas comunidades, foi feita uma força tarefa, um baita time. Foi lindo! A gente quer manter esse trabalho, tem muito voluntário envolvido, estando em isolamento ou não.


CS: Tu citaste agora, “que tem muito voluntário envolvido” como é que funciona esse processo de trabalho de vocês, como é formada a equipe? Vocês aqui são uma dupla que pelo visto estão representando muita gente, né?

ADRIANA: Sim, com certeza. Nós temos o que chamamos de GTs (Grupos de Trabalho), onde cada um é responsável por um setor, GT Voluntariado, temos um formulário no Instagram, que ai as pessoas preenchem ali o que desejam fazer na Misturaí. A Misturaí deu tão certo, porque os voluntários chegam aqui não é ditada uma regra,os voluntários vão se envolvendo no projeto onde se identificam mais. Acho que é isso que motiva cada um, porque cada voluntário vai para a área que mais gosta, porque a gente tem várias áreas - tanto na educação de crianças e jovens, como adultos, empreendedorismo. Tem um projeto de “instrumentos” com a professora Lê que dá essas aulas pras crianças, temos a área da cultura, não se pode fazer eventos mas se cria projetos e esse envolvimento é o que motiva a galera que chega.


CS: Vocês enfrentaram alguma resistência de moradores quando vocês começaram a desenvolver o projeto?


SIMONE: Não, a gente não teve resistência nenhuma. Deu tudo certo, ainda bem, desde o início.


CS: Hoje, quais são as maiores necessidades da entidade, o que mais o Misturaí precisa hoje?


SIMONE: No braço do assistencialismo a gente sempre precisa de doação de alimentos, para que a gente consiga manter as quentinhas e também repassar as comunidades que nos pedem, muita gente nos procura. Aluguel social, pessoas que vivem de aluguel social são cadastrados por nós, a gente tem mais de 250 cadastrados que a gente auxilia, dando kit alimento, kit higiene, sabonete, papel higiênico, escova de dente, pasta de dente, a gente precisa também itens femininos, como absorventes, a gente precisa de roupas de crianças e roupas de homem, porque de mulher vem muito, mas homem e criança não vem muita doação. E a população de rua tem muito mais homens do que mulheres. A gente pede ajuda no “Apoia-se” (Link do apoia-se) para manter nossa estrutura administrativa, além de fazer as quentinhas, mas também pros nossos projetos andarem, a gente precisa desse apoio que ai é financeiro, depois posso dar todos os dados aqui pra vocês. E a gente precisa sim de voluntários que queiram se envolver, por exemplo, na comunicação interna, nas redes sociais. A gente trabalha com voluntários pontuais, recorrentes, que querem se envolver diretamente no projeto, então nesse formulário tu consegue dizer, qual área que tu quer, o que tu quer fazer, qual a tua disponibilidade e por aí vai.


CS: Pode passar os dados de contato e falar sobre o Apoia-se.


SIMONE: Vamos lá, o apoia-se recorrente é o www.apoia.se/misturai as pessoas podem doar R$ 1,00 - e isso é muito importante. Porque é muito importante uma coisa, as pessoas pensam “só posso doar R$ 5, só posso R$ 10” só que se cada pessoa doar R$ 5, nossa….. faz muita diferença, é importante as pessoas saberem que a menor quantia que possa se doar já vai vale a pena.


ADRIANA: Também no PIX, a gente tem o misturaipoa@gmail.com e telefone que é 51 980233892 e WhatsApp da ONG, e o nosso site que é www.misturai.com e pra galera que quiser ajudar também na área da educação, a gente ta com projetos aqui - como agora está com a pandemia e a gente não consegue atender as crianças que a gente atendia três por semana, então a gente ta dando todo o apoio na impressão de matérias e trabalhos escolares, dando esse suporte para os pais. A maioria ficou desempregada, então a gente faz essa impressão. Só que a gente tem uma impressora simples, e gasta muito em cartuxo, então a gente gostaria muito de conseguir uma impressora Laser e computadores porque a gente está com aula de inglês - também fechamos uma turma, com todos os cuidados - três pessoas cada aula. Vamos começar um reforço escolar, que conseguimos locar uma sala. Os pais tem muita dificuldade com celulares, computadores, então a gente ta com uma galera da Faculdade UniRitter, que são pedagogas, manhã e tarde, cada aula terá três alunos, três crianças por turno e uma pedagoga, então é essa laser, computadores e folhas iriam ajudar bastante –são necessidades importantes.


CS: Vocês podem divulger em quais canais de redes sociais é possível encontrar o projeto?


SIMONE: O nosso Instagram é @misturaipoa, a gente também tem o Facebook e ou Youtube. Ali vocês conseguem nos acompanhar. A nossa comunicação está de parabéns porque faz um trabalho muito legal e ali conseguimos acompanhar bastante coisa que a gente tem feito.


ADRIANA: E também fica ai o convite, pra todo mundo botar uma máscara pra vir nos conhecer, a gente fica aqui de segunda à sábado das 9h30min às 20h. Vai ser um prazer receber vocês e obrigado pela oportunidade, é isso que a Misturaí gosta, de misturar e fortalecer cada vez mais e juntos buscar um mundo mais justo e melhor pra todo mundo.


CS: Qual o endereço exato para as pessoas chegar até vocês?

ADRIANA: Nosso endereço fica na rua Luiz Manoel, 229 – Bairro Santana em Porto Alegre, e esperamos vocês aqui, sintam-se misturados.


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Transcrição - Diego Rezes

Entrevista - produção de Verônica de Oliveira Julia Vilanova; produção, edição e apresentação Mateus Oliveira e Otávio Haidrich

Editado - Mar Muller e Pedro Diniz

Fotos selecionadas - Julia Freitas

Supervisão - professora Michelle Raphaelli


 
 
 

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